Conhecida como um dos cartões postais mais famosos do
mundo, a ópera de Sydney permanece um dos grandes ícones da arquitetura mundial,
despertando fascínio em visitantes provenientes do mundo inteiro.
Projetada pelo
arquiteto dinamarquês Jorn Utzon, a Opera foi objeto de um concurso realizado
em 1956, um ano marcante para a Austrália; Melbourne sediava os Jogos Olímpicos
e Sydney, para não ficar pra trás, lançou em fevereiro do mesmo ano o concurso
para o que viria a ser o maior símbolo da arquitetura do país - a Opera de
Sydney. O concurso, aberto a escritórios
do mundo todo, contava com importantes membros no júri (entre eles, o arquiteto finlandês Eero Saarinen). Dividido em etapas, o concurso durou praticamente o ano inteiro,
sendo o resultado divulgado somente em Dezembro.
A localização proposta para o projeto foi a
península de Bennelong Point, ponto privilegiado que avança sobre a baía. O programa estabelecia a necessidade de duas
salas de espetáculo – uma sala de concertos e uma para ópera e ballet. Foram no
total 233 propostas, dentre as quais a de Utzon se sobressaiu. Enquanto as demais
recorriam a soluções ortogonais e colocavam uma sala em frente à outra,
consequentemente privilegiando uma sobre a outra, a proposta de Utzon colocava
as duas salas lado a lado. Sua
composição esguia permitia que ambas desfrutassem da vista sobre a baía e,
simultaneamente, sobre a cidade.
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Aberturas para a cidade... |
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...e para a Baía. O edifício desfruta da vista para os dois lados |
Utzon relatou que a natureza foi a sua principal fonte de
inspiração. Para o arquiteto, a obra deveria estar integrada à paisagem do
entorno. Essa integração é tão notável que suas formas abstratas dão margem a
diferentes interpretações: alguns veem o projeto como velas de barcos, outros
como a espuma das ondas que batem na costa mas, para Utzon, a Ópera é uma
nuvem sobre o mar.
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Objeto camuflado na paisagem |
A pele do edifício também faz alusão a formas da
natureza. O acabamento branco e polido dos painéis cerâmicos curvos se
assemelha a escamas de peixes. Um branco
que permite que o objeto se camufle no horizonte num dia nublado, ou aparente
ser mais uma nuvem no céu em dias de sol. É importante ressaltar, entretanto,
que a inspiração em formas orgânicas não significa imprecisão. Pelo
contrário. As suas superfícies curvas seguem
todas a mesma curvatura de uma esfera com raio de 72m.
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Materialidade da pele se assemelha a escamas de peixe |
A solução estrutural foi um grande desafio para este
projeto. A forma predomina sobre a função e o uso se adapta à morfologia do objeto. Com isso, há
uma clara divisão de propósitos: o exterior atrai enquanto o interior funciona.
No lado de dentro, o branco reluzente é substituído pela crueza do concreto armado,
revelando a estrutura que sustenta as
impressionantes abóbodas (são 10 no total). A beleza do detalhe da estrutura
nos dá uma ideia do quanto o processo de construção não deve ter
sido delicado.
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Dentro/Fora |
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Leque de Concreto |
A ópera levou 17 anos para ser construída. Devido a sua
solução estrutural inovadora, o valor da construção estourou (e muito) o
orçamento estimado: o
custo inicial estimado era de 7 milhões e acabou custando em torno de 102
milhões. A estrutura demorou a ser resolvida e a sua construção exigiu a
importação de gruas e materiais, a maioria destes vindos da França.
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Composição Ritmada |
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Estrutura Mista - Vigas metálicas |
O final da história dessa construção é bastante triste
pois o arquiteto nunca chegou a ver a sua obra pronta. Em 1966, com mudanças no governo, o projeto
sofreu restrições. Disseram a Utzon que
ele deveria trabalhar em parceria com um escritório local mas ele não aceitou e
logo saiu do projeto. Houve até
protestos nas ruas pedindo o seu retorno mas o arquiteto foi embora e nunca
mais voltou para ver o seu projeto concluído. Grande parte do detalhamento foi
finalizado pelo escritório local então muitos detalhes do interior
não correspondem ao projeto original de Utzon.
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Café no Espaço Comum |
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Corredores de acesso à sala de concertos |
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Espaço para evento atrás da sala de concertos |
Desde a sua inauguração, o prédio
encanta e desperta curiosidade internacional. Não é de se admirar que os tours
para conhecer o seu interior estão sempre cheios e devem ser reservados com
alguns dias de antecedência. Aos que se interessarem pela visita quando
estiverem por lá, vocês encontram mais informações sobre o tour pelo site: http://www.sydneyoperahouse.com/Visit/tours.aspx