“ObichoSusPensoNaPaisaGen” |
Entre Setembro e Outubro de 2012, a Nike organizou no Rio
de Janeiro a exposição “Nike Flyknit Collective”, na qual a obra do artista
carioca Ernesto Neto, entitulada “ObichoSusPensoNaPaisaGen”, estava exposta na
Estação Leopoldina.
Achei a mostra primorosa!! A começar pela escolha do
local. Uma estação desativada, localizada na Rua Francisco Bicalho, no centro
do Rio de Janeiro. A estação, inaugurada originalmente em 1897, foi fechada
para passageiros em 2004 e permaneceu em estado de abandono desde então embora sirva
como eventual sede para eventos pontuais tais como festivais, shows, festas e
feiras.
Interior da Estação Leopoldina |
Nosso percurso não ficou apenas em torno da obra de
Ernesto Neto - saímos primeiro para explorar e conhecer melhor o recinto.
Percorremos o grande salão da estação e fomos ver as plataformas. Fiquei surpresa
ao me deparar com trens modernos estacionados aqui, abertos também a visitação.
Alguns desses, alvo de intervenções artísticas, como o grafite dos Gemeos.
Encontramos aqui também um maquinário completamente degradado,
cujo corpo já apresenta plantas crescendo em sua lateral. Apesar de ser uma
cena intrigante - ver uma maquina idealizada pelo homem completamente dominada
pela natureza - dá uma pena ver o estado de abandono destes equipamentos e pensar que
esta grande estação está fora de funcionamento numa cidade cuja rede de
transporte público não atende adequadamente as demandas da população.
A obra de Ernesto Neto, um sistema de túneis suspensos feito a partir de cordas coloridas de
polipropileno trançadas em crochê. Um labirinto de 40m de extensão, pendurado
na estrutura metálica da estação, convida os
visitantes a subirem e andarem sobre os caminhos. Com isso, parece que voltamos a infância.
Tiramos os sapatos e andamos descalços, sentido
a matéria sob os nossos pés. É difícil manter o equilíbrio, e com isso
avançamos nos segurando nas paredes de corda ao caminhar. Nos
enlaçamos em suas amarras em busca de apoio, e nos equilibramos juntos. Entramos
em sintonia com a estrutura e o contato com a
obra torna-se ainda mais intenso.
O Acesso à Obra |
Apesar de ser uma obra essencialmente horizontal,
ocupando todo o espaço sem tocar no chão, há também um elemento vertical. As
amarras que sustentam o sistema são contrapostas por pedras penduradas sob os
caminhos, que por sua
vez estabilizam o conjunto.
Uma obra democrática - Ela abrange pessoas de
todas as idades. As crianças veem a obra como um brinquedo a ser escalado
enquanto os adultos são tomados por um deslumbramento. O simples fato de poder entrar
em uma obra de arte, poder pisar e pegar nela, de maneira tão livre, contradiz
a nossa velha percepção de que a obra de arte é algo intocável, a ser admirado
de longe. Vivemos aqui uma quebra de paradigmas.
O colorido das cordas enfatiza o aspecto lúdico do conjunto. |
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