Terminou ontem, domingo dia 01 de dezembro, a décima
edição da Bienal de Arquitetura de São Paulo. O tema da bienal deste ano foi “Cidade:
Modos de Fazer, Modos de Usar”. Diferente das edições anteriores,
realizadas ou no Pavilhão da Bienal ou na Oca, ambos projetos do arquiteto
Oscar Niemeyer situados no Parque Ibirapuera, a edição deste ano optou por
romper com este passado e se expandir pela cidade.
A mostra foi fragmentada em diversas unidades de
exposição. Dentre os centros que sediaram uma parte do evento havia o Centro
Cultural de São Paulo(CCSP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand(MASP), o SESC Pompéia, a
Praça Victor Cívita, o Cemitério do Araçá, entre outros.
Em virtude da minha curta estadia na cidade, eu pude
apenas visitar dois desses espaços expositivos – o CCSP e o MASP. Apesar de não
visitar a bienal em sua totalidade, fiquei muito feliz com o resultado e muito
bem impressionada com essa nova disposição da bienal.
Centro Cultural de São Paulo |
Primeiramente, acredito que ao espalhar a bienal
por vários centros culturais, a cidade participa mais ativamente da exposição.
Aliás, quando se fala de arquitetura, invariavelmente falamos de cidade. Trazer
o urbano para uma bienal de arquitetura cujo tema é “Cidade: Modos de Fazer,
Modos de Usar”, além de ser um gesto audacioso, permite ao visitante uma
reflexão muito mais aprofundada sobre o tema.
Cobertura ajardinada do Centro Cultural de São Paulo |
Espaços de convivência no CCSP |
Além disso, há tempos eu sentia que o fato de concentrar todo
o acervo da exposição num mesmo espaço gigantesco, como era o caso no Pavilhão
da Bienal, tornava a visita muito monótona. O conteúdo variava pouco e chegava
um momento em que você não conseguia mais assimilar qualquer informação. Nesta
edição, a transição de um centro cultural para o outro permitiu ao visitante um
momento de respiro, um momento para vivenciar o fluxo da cidade de São Paulo e
um momento para contemplar a sua paisagem. Só esse movimento já é muito mais
esclarecedor do que muitos vídeos e textos com os quais nos deparamos na exposição.
Quanto a mostra em si, abordarei apenas as duas
exposições que visitei.
No MASP, estava em cartaz a exposição “O Asfalto e a
Areia”, no segundo subsolo. Nela, uma apresentação da produção de importantes
artistas e arquitetos brasileiros entre os anos 1960 e 1970, entre eles Vilanova
Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Hélio Oiticica e Cildo Meireles.
Através de instalações, vídeos e textos, percebemos o diálogo e o confronto
existente entre as esferas pública e privada no Brasil, algo que se reflete na
dicotomia entre a rua e a praia.
Havia também umas séries de fotografia que abordavam o
território em transformação. Dentre essas, a série “Paisagem e Terra”, de Pedro
Motta, ou a “Onda de São Paulo” de Isidro Blasco. Algumas instalações também
que convidavam o visitante a interagir, como o vídeo feito por um ciclista, que
só é projetado a partir do momento que o visitante monta na bicicleta em
exposição e começa a pedalar para ativar o projetor.
Já o CCSP, destacado como a base principal da Bienal, reuniu
o maior conjunto de pesquisas e exposições especialmente produzidas para o
evento.
"Le Grand Ensemble" Serie Explosions (2001-2008) Mathieu Pernot |
A exposição abrangia a problemática das urbes
contemporâneas. Nela acompanhamos estudos sobre a cidade do Rio de Janeiro – o
projeto “Rio Metropolitano”, com uma análise das tipologias típicas e atípicas
da cidade do Rio de Janeiro, e o “Novas Cartografias” considerando o impacto
das obras para as Olimpíadas, para a Copa e as demais questões que vem moldando
o território metropolitano carioca.
Havia também um segmento apresentando algumas cidades dos
Estados Unidos – Detroit e Los Angeles, sobretudo - onde a cultura do automóvel
está tão profundamente enraizada que estas se deparam agora com uma grande quebra
de paradigma. Como lidar com o colapso de uma estrutura individualista, que
gira inteiramente em torno do carro, em face de um movimento de democratização
da cidade?
China. Cidades fantasmas(O Caso de Ordos Kangbashi) x Cidades
Superpopulosas.
Ou o caso impressionante das imitações à escala urbana,
como em Shenzhen, que chegam a copiar cidades inteiras.
Série "Made in China" (2013), fotografias de Valentina Tong. |
Em resumo, acho que a bienal desse ano se mostrou muito
mais diversificada e convidativa. Não apenas aos arquitetos, mas aos demais interessados no
tema também.
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