16 de junho de 2011

HOLANDA | Avant Garde

Fui para a Holanda num desses últimos fins de semana. Em três dias, conseguimos visitar 4 cidades diferentes – Delft, Rotterdam, Amsterdam e Utrecht.  Foi corrido, mas com uma programação organizada e objetiva, deu pra ver bastante coisa.
O que se torna claro é que a arquitetura na Holanda não é apenas discutida, mas é uma realidade construída. Os debates são em cima de objetos produzidos - não se detendo apenas a idéias.  Podemos dizer até que há uma maior proximidade entre a teoria e a prática, o que sem dúvida leva à um maior avanço de ambas as partes.  Faz sentido se avaliarmos a produção de alguns dos principais escritórios de arquitetura do País – OMA, MVRDV, UN Studio – todos estes buscam um debate teórico além da construção.
Em Amsterdam, vimos projetos de habitação social com soluções inovadoras.  Por vezes são empreendimentos caros, com materiais e soluções estruturais de alta tecnologia. Outros casos já são mais singelos, sendo feitos inteiramente num mesmo material - como o tijolo, por exemplo - mas cuja qualidade do desenho e o rigor da execução, é latente. 

Complexo residencial num interior de quadra em Amsterdam.























'Spacebox'– alojamento de estudantes no Campus Universitário de Utrecht. Palco para experimentações arquitetonicas.
A relação das pessoas com o espaço público é bastante interessante. Lá conferimos algo que funciona bem também na Alemanha e na França, mas que na Espanha e em países mais ao sul não demonstraram o mesmo sucesso.  Refiro-me à vivência do interior d quarteirão.  Familias aproveitam essa época do ano, quando já está mais quente, para conviver nos centros de quadras.  É um espaço aberto para a cidade, porém não chega a ser completamente público, guarda uma certa intimidade.  Aqui você não é um anônimo, como nas ruas, mas estabelece uma relação direta com os vizinhos.
No campus universitário em Ultrecht,encontramos vários exemplos da clássica solução do “Cut out” e “Fill in” – por vezes meio repetitiva, mas que não deixa de ter um certo charme. Ela torna o projeto lúdico, ao mesmo tempo que é capaz de reafirmar um conceito.  Torna o desenho do edifício como um todo mais coerente.























Cut out's and Fill In's - Edifícios no Campus de Utrecht.
O que me incomoda em alguns casos, é a sensação de que estou vendo maquetes gigantescas.  Ou obras que parecem que partiram um belo render, mas que na vida real, sem aqueles focos de luzes transcendentais, perdem um pouco do seu glamour.  Trata-se de um comentário extremamente pessoal... uma questão de gosto...mas me faz falta um certo peso na arquitetura.  Algo que encontrei no belíssimo projeto da biblioteca de Amsterdam, de Joe Coenen, na extensão ao ‘Town Hall’ no centro de Utrecht, de Enric Miralles, e no Kunsthal do OMA, em Rotterdam.




Openbare Bibliotheek Amsterdam, de Joe Coenen - a maior biblioteca pública da Europa.







Extensão ao 'Town Hall' em Utrecht, pelo arquiteto catalão Enric Miralles.






Kunsthal em Rotterdam, OMA.

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