27 de julho de 2011

BARBICAN COMPLEX | O maior centro cultural da Europa

Nesta minha curta visita à capital inglesa, não pude deixar de conhecer o complexo de Barbican. Esse projeto foi uma grande referência para o meu projeto final para a facul. 
A poucos minutos a pé da London Bridge, o Barbican está situado numa região que foi fortemente bombardeada durante a segunda guerra mundial.  Seu projeto é assinado pelo escritório Chamberlin, Powel and Bon, um dos principais escritórios ingleses do pós-guerra. Sobre uma laje gigantesca, articulam-se usos variados - desde blocos residenciais a teatro, biblioteca, museu, galeria de arte, comércio, salas de espetáculo, estacionamento e serviços. Tem até um centro de bombeiros.























As torres residenciais vieram primeiro, datando das décadas de 60 e 70.  Torres que chegam a 42 andares.  O centro cultural em si só foi concluído em 1982.  Pelo o que pude perceber, o complexo incita uma divergência de opiniões.  Ele chegou a ser votado o ‘prédio’ mais feio de Londres em 2003 pelo “Grey London Poll”.  Já eu particularmente gosto muito dessa arquitetura brutalista, de peso.  Conseguir perceber vestígios do processo construtivo ainda impressos nas paredes...acho isso sensacional.  Muito parecido com o London National Theatre, outro edifício que eu também adoro.























Mas o Barbican vai além do feio e do bonito. O mais fascinante sobre ele é a sua escala, a sua intergração com a cidade, os seus múltiplos acessos, as conexões urbanas que ele gera.  Sob a sua laje, passam as linhas do metro além de vias  para ônibus e carros.  É muito interessante ver como as pessoas se apropriam do espaço sobre a laje e como, apesar do rompimento com o nível da rua, não temos a sensação de um distanciamento.  A laje parece um prolongamento da calçada a partir das suas rampas de acesso.  Criam-se então praças cheias de vida. 





















Nunca tinha visitado um híbrido tão complexo quanto esse. Acredito que ainda precisaria voltar muitas vezes para realmente compreender inteiramente o seu funcionamento.

19 de julho de 2011

SERPENTINE PAVILION | L’entre-deux de Peter Zumthor

Já há algum tempo que tenho vontade de vivenciar a espacialidade de um ‘ Zumthor’.  Vi essa possibilidade no seu pavilhão para a Galeria Serpentine, que fica exposto até o dia 16 de Outubro no Hyde Park, em Londres.
Fiquei com pena pois o pavilhão me pareceu mal acabado.  O revestimento mal feito, as paredes poderiam receber mais uma camada de tinta...  É bem verdade que pavilhões em geral são concebidos para serem temporários... Rápidos de montar e fáceis de desmontar. Sei disso.  Mas mesmo assim, fiquei levemente decepcionada. Considerando que se trata de um projeto do Zumthor, ao qual eu associo uma pesquisa tão grande em termos de material e tamanho rigor e preciosismo nos detalhes, vou admitir q nesse sentido a sua obra deixou um pouco a desejar.  Mas pronto, também não vou levar isso tão a sério.  Afinal, o Serpentine Gallery é praticamente uma exceção à sua obra.  Se não me engano, ele precisou até de um certo convencimento para aceitar fazer esse projeto.  Ou talvez estivesse assim porque era o fim de semana de inauguração.
Mas a alma de seu projeto, para mim, não está na forma externa, não está no jardim interno, mas no espaço entre, nos corredores que levam ao interior.  Não há portas, apenas vãos desencontrados que nos induzem a um percurso nesse entre dois muros. Aqui, a opacidade das paredes é iluminada pontualmente onde há aberturas. E o preto atribui um enorme peso a esse espaço tão estreito.  Um contraste gigantesco com o dia de sol que nos espera atrás dessas paredes. É lindo.

























Fico imaginando o que devem pensar os não arquitetos que visitaram o lugar.  Aqueles que não vieram atrás de uma 'aura Zumthor', mas apenas para conferir o pavilhão Serpentine desse ano, descompromissadamente, e se deparam com essa caixa preta gigante no meio de um belo parque.  Deve ter causado muitas aversões, sem dúvida.
Acho a arquitetura do Zumthor tão profunda, tão cheia de significado que, vê-la assim exposta dessa forma, me pareceu incoerente.  Perdeu um pouco o seu sentido, sua imensa força me pareceu gratuita nesse contexto, e por isso é compreensível imaginar porque muitos visitantes possam não gostar.























Mas, sendo o visitante arquiteto ou não, impossível visitar o pavilhão e não ficar em silêncio por um instante.  Impossível não sofrer algum impacto.

7 de julho de 2011

Villa Savoye | Le Corbusier

Meio intimidante começar a escrever sobre um dos projetos mais debatidos na história da arquitetura... Sem pretensões de trazer algo de novo para a discussão, serei sucinta.
Digo apenas que vivenciar a ‘promenade architecturale’ de Le Corbusier é algo realmente especial.  Na Villa Savoye, a sensação que tive era a de estar andando dentro de um quadro de Mondrian, passando por uma sucessão de planos e linhas que se revelavam conforme o caminhar.
A Villa Savoye te induz a um passeio e, a cada passo, a casa se revela um pouco mais, seja por um foco de luz que surge no fundo, pela cor de uma parede do outro lado da sala, ou quando as janelas em fita deixam de ser janelas para emoldurar a paisagem no terraço.
Uma aula de arquitetura.