19 de julho de 2011

SERPENTINE PAVILION | L’entre-deux de Peter Zumthor

Já há algum tempo que tenho vontade de vivenciar a espacialidade de um ‘ Zumthor’.  Vi essa possibilidade no seu pavilhão para a Galeria Serpentine, que fica exposto até o dia 16 de Outubro no Hyde Park, em Londres.
Fiquei com pena pois o pavilhão me pareceu mal acabado.  O revestimento mal feito, as paredes poderiam receber mais uma camada de tinta...  É bem verdade que pavilhões em geral são concebidos para serem temporários... Rápidos de montar e fáceis de desmontar. Sei disso.  Mas mesmo assim, fiquei levemente decepcionada. Considerando que se trata de um projeto do Zumthor, ao qual eu associo uma pesquisa tão grande em termos de material e tamanho rigor e preciosismo nos detalhes, vou admitir q nesse sentido a sua obra deixou um pouco a desejar.  Mas pronto, também não vou levar isso tão a sério.  Afinal, o Serpentine Gallery é praticamente uma exceção à sua obra.  Se não me engano, ele precisou até de um certo convencimento para aceitar fazer esse projeto.  Ou talvez estivesse assim porque era o fim de semana de inauguração.
Mas a alma de seu projeto, para mim, não está na forma externa, não está no jardim interno, mas no espaço entre, nos corredores que levam ao interior.  Não há portas, apenas vãos desencontrados que nos induzem a um percurso nesse entre dois muros. Aqui, a opacidade das paredes é iluminada pontualmente onde há aberturas. E o preto atribui um enorme peso a esse espaço tão estreito.  Um contraste gigantesco com o dia de sol que nos espera atrás dessas paredes. É lindo.

























Fico imaginando o que devem pensar os não arquitetos que visitaram o lugar.  Aqueles que não vieram atrás de uma 'aura Zumthor', mas apenas para conferir o pavilhão Serpentine desse ano, descompromissadamente, e se deparam com essa caixa preta gigante no meio de um belo parque.  Deve ter causado muitas aversões, sem dúvida.
Acho a arquitetura do Zumthor tão profunda, tão cheia de significado que, vê-la assim exposta dessa forma, me pareceu incoerente.  Perdeu um pouco o seu sentido, sua imensa força me pareceu gratuita nesse contexto, e por isso é compreensível imaginar porque muitos visitantes possam não gostar.























Mas, sendo o visitante arquiteto ou não, impossível visitar o pavilhão e não ficar em silêncio por um instante.  Impossível não sofrer algum impacto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário