3 de janeiro de 2014

SÉRIE INSTALAÇÕES DE ARTE (2)| ERNESTO NETO

“ObichoSusPensoNaPaisaGen”
Entre Setembro e Outubro de 2012, a Nike organizou no Rio de Janeiro a exposição “Nike Flyknit Collective”, na qual a obra do artista carioca Ernesto Neto, entitulada “ObichoSusPensoNaPaisaGen”, estava exposta na Estação Leopoldina.

Achei a mostra primorosa!! A começar pela escolha do local. Uma estação desativada, localizada na Rua Francisco Bicalho, no centro do Rio de Janeiro. A estação, inaugurada originalmente em 1897, foi fechada para passageiros em 2004 e permaneceu em estado de abandono desde então embora sirva como eventual sede para eventos pontuais tais como festivais, shows, festas e feiras. 

Interior da Estação Leopoldina


Nosso percurso não ficou apenas em torno da obra de Ernesto Neto - saímos primeiro para explorar e conhecer melhor o recinto. Percorremos o grande salão da estação e fomos ver as plataformas. Fiquei surpresa ao me deparar com trens modernos estacionados aqui, abertos também a visitação. Alguns desses, alvo de intervenções artísticas, como o grafite dos Gemeos.









Encontramos aqui também um maquinário completamente degradado, cujo corpo já apresenta plantas crescendo em sua lateral. Apesar de ser uma cena intrigante - ver uma maquina idealizada pelo homem completamente dominada pela natureza - dá uma pena ver o estado de abandono destes equipamentos e pensar que esta grande estação está fora de funcionamento numa cidade cuja rede de transporte público não atende adequadamente as demandas da população.





A obra de Ernesto Neto, um sistema de túneis suspensos feito a partir de cordas coloridas de polipropileno trançadas em crochê. Um labirinto de 40m de extensão, pendurado na estrutura metálica da estação, convida os visitantes a subirem e andarem sobre os caminhos.  Com isso, parece que voltamos a infância. Tiramos os sapatos e andamos descalços, sentido a matéria sob os nossos pés. É difícil manter o equilíbrio, e com isso avançamos nos segurando nas paredes de corda ao caminhar. Nos enlaçamos em suas amarras em busca de apoio, e nos equilibramos juntos. Entramos em sintonia com a estrutura e o contato com a obra torna-se ainda mais intenso.





O Acesso à Obra
Apesar de ser uma obra essencialmente horizontal, ocupando todo o espaço sem tocar no chão, há também um elemento vertical. As amarras que sustentam o sistema são contrapostas por pedras penduradas sob os caminhos, que por sua
vez estabilizam o conjunto.




Uma obra democrática - Ela abrange pessoas de todas as idades. As crianças veem a obra como um brinquedo a ser escalado enquanto os adultos são tomados por um deslumbramento. O simples fato de poder entrar em uma obra de arte, poder pisar e pegar nela, de maneira tão livre, contradiz a nossa velha percepção de que a obra de arte é algo intocável, a ser admirado de longe. Vivemos aqui uma quebra de paradigmas.

O colorido das cordas enfatiza o aspecto lúdico do conjunto.  





Nenhum comentário:

Postar um comentário