22 de fevereiro de 2014

Crônica sobre o fechamento de um Cinema



Nesta última semana, meu facebook foi bombardeado por artigos falando sobre a falência do grupo Estação de Cinema, no Rio de Janeiro. Fiquei muito triste com a notícia. O Grupo Estação é um marco para o Cinema Carioca. Com sua programação mais aberta e alternativa, aqui encontramos filmes estrangeiros interessantes, documentários, mostras e palestras temáticas que em outros cinemas de grande público jamais encontraríamos.  Sentirei saudades dos eventos do ‘Estação Odeon’, que misturam cinema e festa, tais como o Cachaça Cinema Clube ou a Maratona. Grande parte da mostra do Festival de Cinema do Rio também é projetada nas salas do Grupo Estação. Durante as semanas do evento, eu tento ir ao cinema quase todos os dias. Só no ano passado, assisti a 5 filmes numa mesma semana – uma verdadeira maratona cinematográfica. Fico me perguntando portanto: E agora? Onde irei assistir aos filmes que gosto?

Essa situação me lembrou o fenômeno que se alastrou por Lisboa nesses últimos anos de crise. Cinemas que eu muito frequentei durante a minha estadia na cidade – entre eles o tradicional Cinema King e o Cinema Londres – foram fechados. Pelo o que li, o Cinema Londres será transformado em uma loja de produtos chineses. Triste. Cogitou-se até fechar a Cinemateca Portuguesa. Logo a Cinemateca, vejam só! O lugar onde podíamos assistir a grandes clássicos por apenas 2 euros. Foi lá que conheci o cinema de Wim Wenders através do filme “Paris, Texas”, e foi lá em que tive a oportunidade de assistir “Psicose”, de Hitchcock, pela primeira vez na telona. Uma experiência maravilhosa! Sem contar com as ‘Sessões de Arquitetura e Cinema’ e, entre elas, a inesquecível palestra do diretor Manuel de Oliveira, promovida pelo meu então professor de projeto, José Neves.  Chegou a ser feita uma petição em defesa da Cinemateca, amplamente divulgada na internet.

Parece que nesses momentos de crise, os melhores lugares são os primeiros a fechar. Como aconteceu com a Modern Sound de Copacabana – o último reduto dos amantes de música e compradores de CDs. Mas a cidade segue em frente, e eventualmente nos adaptamos à sua ausência – É incrível e terrível a capacidade de adaptação do ser humano. Se assim for, o que nos restará é esperar que, quem sabe, algum dia surja um novo grupo para tomar o lugar do que não foi em frente e abrir um novo espaço para o cinema alternativo no rio e a para a formação do cinema carioca. Mas enquanto o veredito não sai(previsto para o dia 3 de Abril), ficamos na torcida e na mobilização em nome da permanência do Grupo Estação.

Foto do antigo Cinema King, em Lisboa (foto: http://diariodigital.sapo.pt/)
Entrada do antigo Cinema Londres (foto: http://cinemasparaiso.blogspot.com.br)


06 de Junho de 2014

Foi anunciado hoje o fechamento de mais um cinema de rua tradicional no Rio de Janeiro - o Cinema Leblon, da rede Severiano Ribeiro. Novamente,  a causa foi atribuída a uma crise financeira.  Inaugurado em 29 de Setembro, de 1951, o Cinema Leblon tornou-se um marco na paisagem carioca e deixará saudades.  Diante de mais essa notícia questiono-me: seria o cinema de rua um programa ultrapassado, ou inadequado, para as grandes urbes contemporâneas?


Imagens históricas do Cinema Leblon(fonte: rioquemoranomar.blogspot.com.br)

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